A que vem para mim, pra me levar.
Abri todas as portas par em par
Com asa a bater em revoada.
Quem sou eu neste mundo? A deserdada,
A que perdeu nas mãos todo o luar,
A vida inteira, o sonho, o mar
E que, ao abri-las, não encontro nada!
Ó mãe! Ó minha mãe! Pra que nasceste?
Entre agonias e em dores tamanhas
Pra que foi, dize lá, que me trouxeste
Dentro de ti?... Pra que eu tivesse sido
Somente fruto amargo das entranhas
Dum lírio que em má hora foi nascido!...
[Sonetos; Florbela Espanca]
By: Ju
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